Gosta de SUV? Feliz com a quantidade de SUVs disponíveis? Não quer saber de outra coisa sobre rodas a não ser SUV? Então acenda três velas para o Ford EcoSport. Ele é o responsável pelo fato de o segmento de utilitário-esportivos ter assumido a faceta urbana que atualmente permite essa variedade no mercado.
O crossover compacto nasceu em 2003 sem pretensões jipeiras. Mesmo assim, o Ford EcoSport teve de se render à versões com visual mais lameiro na forma da Freestyle. Logo, tornou-se uma das versões mais comercializadas dentro da linha, tanto na primeira como na segunda geração do SUV. Veja agora 10 fatos sobre o Ford EcoSport Freestyle.
1 – A trajetória do SUV compacto
O Ford EcoSport nasceu em fevereiro de 2003, fruto do Projeto Amazon, bancado pela filial brasileira da montadora. Com a base do Fiesta de segunda geração, surgiu como um utilitário-esportivo sem pretensões fora de estrada e com relação custo/benefício impactante.
Ainda na primeira fase, o Ford EcoSport teve versões 4WD – por insistência da matriz –, automática e a primeira série limitada, Freestyle, que depois se tornou versão de sucesso dentro da linha. Sem concorrentes, o SUV vendeu muito e surfou no segmento que ele próprio criou.
A segunda geração do Ford EcoSport apareceu em julho de 2012. A plataforma continuou derivada do Fiesta, só que a da quarta geração nacional do hatch. A reboque, trouxe o novo motor 1.6 Sigma – que posteriormente teve a potência aumentada – e manteve o 2.0.
As versões Freestyle do Ford EcoSport ganharam diferentes variações ao longo desta segunda geração, como veremos a seguir, com direito a uma com a transmissão Powershift, que é bom ser evitada. Em 2018, na reestilização da gama, o 1.6 foi substituído pela família de motores 1.5 Dragon.
O modelo, contudo, perdeu força no segmento com a chegada de muitos rivais que pegaram carona na sua ideia, mas que apresentavam conceitos de espaço, de dirigibilidade e de arquitetura mais modernos. Mesmo assim, é um dos Ford mais vendidos no mundo e no Brasil, com mais de 720 mil unidades de 2003 a 2021, quando a montadora encerrou as atividades industriais por aqui.
2 - Pai de todos
Se atualmente o mercado de automóveis 'respira SUV', é por causa do Ford EcoSport. O modelo foi o primeiro utilitário-esportivo com proposta genuinamente urbana. Isso ficou claro já pela origem da plataforma de carro de passeio, do Fiesta, e ausência de tração nas quatrp rodas – algo que pesquisas de mercado apontavam como item usado apenas por 5% dos donos de veículos do tipo.
Além de urbanoide, o Ford EcoSport sempre se destacou pela relação custo/benefício. Sem os apetrechos e equipamentos fora de estrada e com estrutura de monobloco, foi lançado em 2003 pela metade do preço de um Mitsubishi Pajero TR4, que era até então o SUV mais barato do mercado brasileiro.
As montadoras que acharam que o Ford EcoSport era modinha, quebraram a cara. O SUV da marca estadunidense nadou de braçadas no segmento de compactos, com médias de 40 mil unidades/ano, o que ajudou a filial brasileira da marca a voltar a operar no azul. Foi assim por mais de uma década.
Alguns rivais até tentaram beliscar as vendas do Ford EcoSport na mesma lógica. Kia Soul e o primeiro Citroën C3 Aircross não tiveram tanto sucesso. O Renault Duster foi o que mais incomodou, com o apelo de espaço interno e porte robusto, mas o modelo Ford se segurou na liderança ainda assim.
As coisas mudaram, realmente, quando algumas marcas perceberam que a modinha pegou para valer e foram na carona da mesma ideia do Ford EcoSport. A Partir de 2015, uma avalanche de crossovers compactos derivados de carros de passeio tomou conta do mercado.
Com adversários mais modernos, o Ford EcoSport perdeu força nas vendas. Mas carregará para sempre seu pioneirismo dentro da categoria que atualmente muitos apreciam.
3 - O jipinho aventureiro
Apesar da zero vontade em ser um fora de estrada, é justamente o Ford EcoSport Freestyle a configuração que mais fez sucesso dentro da gama. A opção com apliques visuais aventureiros nasceu como série limitada ainda na primeira geração do SUV, em 2015. Anos depois, tornou-se versão de acabamento.
Na segunda geração do Ford EcoSport a Freestyle não só se manteve firme e forte como teve várias experimentações. Ganhou opção 2.0, com tração 4x4 e câmbio manual de seis marchas em 2013.
Em 2014, foi a vez de ser equipada com a problemática caixa automatizada de dupla embreagem Powershift. A mesma transmissão serviu a um Ford EcoSport Freestyle Plus, lançado em 2015. Em ambos os casos o motor é o 2.0 16V.
Três anos depois, ao renovar a linha, a Ford aliviou o EcoSport Freestyle em itens importantes. O modelo passou a ter apenas os airbags frontais exigidos por lei, em vez das cinco bolsas de anteriormente. Em 2019, a configuração ainda deixou de ter LEDs nos DRLs e nos faróis.
Mesmo assim, a versão Freestyle se manteve como uma das mais vendidas da gama Ford EcoSport até o fim de sua produção, no início de 2021.
4 - Nossa dica de melhor versão
Vamos indicar o Ford EcoSport Freestyle ano 2015 com motor 1.6. Tem preços entre R$ 50 mil e R$ 58 mil no mercado de usados e uma lista de itens de série satisfatória. Na segurança, controles de estabilidade, de tração e de subidas, sensor de ré, Isofix, alarme e luz de condução diurna se unem aos obrigatórios airbag duplo e freios com ABS.
O SUV também oferece ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico, volante com ajustes de altura e de distância, telecomando das portas com abertura remota do porta-malas, banco traseiro bipartido, som com Bluetooth e entrada USB. Por fora, molduras nas caixas de rodas, adesivos, peito de aço, bagageiro no teto, faróis de neblina e rodas de liga leve.
5 - Desempenho do Ford EcoSport Freestyle 1.6
O motor 1.6 16V Sigma de 115cv (e)/110cv (g) empresta um desempenho suficiente para o Ford EcoSport Freestyle. É preciso esticar as primeiras marchas do câmbio manual e o 0 a 100km/h passa dos 12 segundos, mas o SUV embala bem em velocidades mais altas, especialmente na estrada.
Nas retomadas, os 15,9kgfm (e)/15,7kgfm (g) aparecem na faixa das 4.500rpm, ou seja: é preciso reduzir para fazer ultrapassagens mais assertivas. No conjunto, é um carro competente para se ter na cidade ou na estrada. O consumo é melhor com gasolina, com médias urbanas acima dos 10km/l.
6 - Desempenho do Ford EcoSport Freestyle 2.0
Mas tem também a opção do Ford EcoSport Freestyle com o motor 2.0 16V Duratec de 147cv (e)/141cv (g). Tem respostas mais rápidas, é bem mais disposto em retomadas, porém, o ganho no 0 a 100km/h nem é tão expressivo, na casa dos 11,5 segundos. Além disso, é mais beberrão, com média no ciclo urbano com gasolina de 9,5km/l.
O grande 'porém' em relação ao Ford EcoSport Freestyle com motor 2.0 está na transmissão. Ou você opta pelas versões com tração integral 4WD sob demanda para tê-lo com câmbio manual, ou vai ter de se aventurar com a caixa automatizada de dupla embreagem Powershift, famosa pelos problemas.
7 - Tração de Mazda
Por falar no Ford EcoSport Freestyle 4WD ele tem tração integral fornecida pela Mazda. O sistema sob demanda por acoplamento viscoso foi fornecido pela montadora japonesa. Nos anos 2000 até meados da década passada, a fabricante estadunidense teve participação na marca asiática – que variaram em termos percentuais conforme a época.
8 – Conforto no SUV compacto
O Ford EcoSport é um SUV derivado de um hatch compacto e não oferece nada além que espaço de um carro pequeno. O banco traseiro acomoda apenas dois adultos numa boa, mas oferece bom vão para as cabeças. O porta-malas é apenas razoável, com 362 litros.
A posição de dirigir é típica de um utilitário-esportivo: alta, ereta e com boa visibilidade frontal. A suspensão desta segunda geração do jipinho da Ford ganhou uma calibragem boa e, apesar do vão livre de mais de 20cm, o carro não sacrifica os ocupantes ao passar em buracos. O acabamento interno, por sua vez, é bem fraco.
9 – Uma noção sobre os preços de manutenção
O Ford EcoSport tem componentes com preços dentro da média do segmento. Confira valores de algumas peças do Ford EcoSport 2018 com motor 1.6:
- Jogo com quatro pastilhas de freio dianteiro: de R$ 100 a R$ 150
- Kit com quatro velas de ignição: de R$ 70 a R$ 120
- Kit troca de óleo (4 litros 5W30 + filtro): de R$ 170 a R$ 280
- Bomba de combustível: de R$ 140 a R$ 300
- Jogo de amortecedores traseiros: de R$ 500 a R$ 700
- Farol dianteiro: de R$ 360 a R$ 550
- Para-choque traseiro: de R$ 700 a R$ 900
10 - Principais problemas do EcoSport
Não custa lembrar de novo que a transmissão Powershift tem reputação de problemática e teve até recall. O Ford EcoSport também costuma apresentar desgaste precoce dos freios (disco e pastilhas) e defeitos na bomba de óleo. Fique atento a falhas no sistema de injeção e a folgas na coluna de direção.
O Ford EcoSport foi chamado para algumas campanhas de recalls. A primeira delas para a substituição do trinco da fechadura das portas e da tampa do porta-malas em unidades produzidas em 2013 e 2014. Depois a Ford convocou recall do modelo para verificação e eventual troca dos pneus dianteiros, traseiros e sobressalente em SUVs fabricados em 2014; troca dos fechos dos cintos de segurança dianteiros e traseiros em modelos ano 2016 e 2017; atualização do software do módulo de controle do motor 1.5 em Ford EcoSport feitos em 2018 e 2019; e verificação e substituição da estrutura do encosto dos bancos dianteiros de carros produzidos em 2019 e 2020.
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