Larissa Amaral da Silva, auxiliar de contabilidade de 25 anos, ganhou um Jeep Compass em um sorteio da empresa Quadri Contabilidade, mas a alegria virou pesadelo. Ela gastou R$ 10 mil para consertar defeitos mecânicos, foi demitida após questionar a empresa, e teve o Compass, modelo 2017 com motor 2.0 aspirado flex, recolhido antes da transferência.
No dia 13 de dezembro de 2024, a Quadri Contabilidade, de Santos, sorteou um Jeep Compass entre os funcionários, anunciando o SUV médio como um prêmio “valendo mais de R$ 100 mil”. Larissa, sorteada, recebeu o carro dez dias depois, mas logo descobriu que o SUV, avaliado em R$ 88 mil, era classificado como sinistrado e tinha “diversos defeitos mecânicos”.
Ela pagou R$ 10 mil do próprio bolso pra consertar, mas a empresa impôs condições bem rígidas para manter o prêmio, como trabalhar por mais um ano, atingir metas trimestrais (incluindo campanhas beneficentes) e bancar custos do veículo até dezembro de 2025, quando a transferência seria feita .
Larissa questionou a Quadri sobre o estado do carro e, antes de completar os 12 meses, foi demitida. A empresa recolheu o Compass, mesmo com a documentação em processo de transferência .
No dia 10 de abril de 2025, ela desabafou no Instagram: “Imagina ganhar algo e ter que se cobrar, se avaliar e gastar em nome de uma empresa para manter o que você ganhou. Absurdo!”. Seus advogados, Paulo Ferreira e Lenine Lacerda, confirmaram que vão entrar com uma ação trabalhista, alegando prejuízo e práticas abusivas .
A Quadri Contabilidade rebateu, dizendo que o sorteio visava “valorizar a equipe” e que Larissa aceitou as regras, incluindo a transferência só em 2025. Segundo a empresa, ela optou por consertar o carro por conta própria, mesmo com a oferta de devolvê-lo sem custos para avaliação pelo fornecedor.
A Quadri alega que Larissa descumpriu o regulamento ao alugar o carro para terceiros, o que a desclassificou do sorteio. Eles tentaram um acordo, oferecendo pagar o valor do veículo em troca de um esclarecimento nas redes, mas Larissa recusou .
A empresa também nega irregularidades, diz que o carro sempre foi deles, e que as verbas rescisórias foram pagas. Porém, um detalhe chama atenção: o Compass não estava registrado no nome da Quadri, apesar de eles divulgarem o contrário. O caso está na justiça.
O Jeep Compass Limited sorteado é da primeira leva da segunda geração, lançado no Brasil em 2016 e produzido em Goiana (PE). O modelo era equipado com o motor 2.0 Tigershark aspirado flex, de até 159/166 cv e 19,9/20,5 kgfm (gasolina/etanol), acoplado a um câmbio automático de seis marchas.
Em 2017, custava cerca de R$ 100 mil, mas o modelo de Larissa, avaliado em R$ 88 mil, era sinistrado, o que explica o preço abaixo do mercado e os defeitos.
O maior problema cronico do Compass com motor 2.0 aspirado é falhas no câmbio Aisin de seis marchas, que “bebe” fluido e pode apresentar trancos, e problemas no sistema de lubrificação, como consumo excessivo de óle. Uma ação do Ministério Público em 2022 listou 22 defeitos no Compass (2018 em diante), incluindo panes elétricas e desalinhamento de peças, pedindo recall e multa de R$ 50 milhões.
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